sábado, 5 de abril de 2014

GOLEIRO

Tafarel. Fonte: http://magnomoreira.blogspot.com.br

                    Poema de Jorge Alberto Nabut


ave brava entre as traves
olhares rasgados
leme desatado
bate o goleiro os pés no chão
num impulso de voo
vibram as coxas seus músculos elásticos
rompem as chuteiras a parceria do solo
e no espaço a geometria dos traços
desenha a caligrafia dos braços
a resenha do corpo, seus cálculos
em direção ao voo, ao chute

luvas desatadas no azul
tocam a esfera-esfinge
(e a decifram na sua posse bacante)
rompem o risco atarefado da bola
o plano arriscado pelo atacante

o speaker tropeça nas palavras, nas surpresas
a torcida engasga o grito de gol
o marcador desativa sua numeração psicodélica

flash!

permanece o goleiro na foto
no itinerário amoroso
possuindo com fôlego a bola
homem-bola
estirado sobre a tarde amordaçada de domingo
até que sintam os torcedores o bocejo da noite
e calmamente se recolham
aliviada
a torcida abandona o estádio

fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/futebol_e_poesia.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário