segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Competição retrógrada e sem apelo


COLUNA DO JAECI
Os Estaduais morreram há tempos, mas se esqueceram de enterrar

Por : Jaeci Carvalho /Estado de Minas
http://guerreirodosgramados.com.br/eramos-todos-deivid/

Começou o Campeonato Mineiro, competição sem apelo de público, sem técnica, sem qualidade, assim como todos os Estaduais país afora. Vimos na Copa Sul-Minas-Rio uma competição atrativa, de nível técnico alto e de público coerente, haja vista os 30 mil pagantes para Atlético x Flamengo. Porém, os dirigentes têm medo de peitar e acabar com as federações, e ficam engolindo essas competições que nada acrescentam. Aliás, servem para derrubar treinadores, deixar os clubes ainda mais sem dinheiro e, em alguns casos, com jogadores machucados. Mas tenho a certeza de que os dirigentes perceberão que esse passado retrógrado não cabe mais, e que a solução são os grandes jogos. Que me perdoem as equipes do interior, mas quem não tem competência não pode se estabelecer. Se no passado os times do interior revelavam grandes jogadores para as equipes da capital, hoje isso não acontece mais. Se não me engano, o último grande craque revelado no interior foi o zagueiro Luisinho, o melhor que já vi atuar, lançado pelo competente técnico Procópio Oliveira, quem tive o prazer de reencontrar em recente evento, assim como José Maria Pena e Vantuir Galdino. Turma boa, com quem tive o prazer de conviver durante muitos anos.

Vi o jogo do Cruzeiro. Um time confuso, em busca da identidade, sem qualidade, mas com boa posse de bola. Também contra a URT, no Mineirão, se não tivesse mais posse de bola seria o fim. É claro que é apenas começo de temporada e não analiso uma equipe antes de 10 jogos contra equipes importantes. E não me venham crucificar Deivid (foto), como fez um radialista, e depois pediu desculpas a ele no ar. Deixem o cara trabalhar, pois os estaduais, repito, não valem absolutamente nada. Deixem ele montar essa equipe para que ela possa dar retorno na Copa do Brasil e Brasileiro, competições que valem de verdade. Não o queimem no Estadual, por favor. Deivid é estudioso, trabalhador e muito sério. E o que precisamos no Brasil são de técnicos novos, sem vícios, sem esquema com empresários, como a maioria tem. Gente com cabeça aberta, esquemas revolucionários que tragam algo de novo ao nosso futebol. Estamos cheios de enganadores que são campeões com retrancas, vencendo os jogos por 1 a 0 ou 2 a 1, que o Diga Muricy Ramalho, técnico do meu Flamengo, que foi tricampeão brasileiro com o São Paulo, assim. Sei que a juventude, que não viu os grandes gênios e os grandes jogos, quer vencer a qualquer preço, coisa que virou banal no Brasil. Porém, sou da escola do saudoso mestre Telê Santana, que ganhava ou perdia jogando bonito. Qual a vantagem de ganhar uma taça como o Corinthians ganhou, recentemente, com ajuda da arbitragem e outras coisas mais? Mas, como tudo no Brasil é na base da falcatrua, tem gente que vibra, que comemora, mesmo sabendo que a taça foi conquistada sob condição obscura.

Não gostei do Cruzeiro, mesmo a torcida reconhecendo o esforço do time, ao fim da partida com a URT. Mas é visível no Brasil, em todos os Estaduais, saber que a diferença dos grandes para os pequenos está apenas na estrutura física, na grana que recebem da TV, e na força do dinheiro para contratações. Basta um técnico mediano armar seu time na defesa, buscar o empate, que ele consegue. A marcação e diminuição dos espaços acabam com qualquer esperança dos times da capital. O Flamengo também começou mal o Estadual do Rio. Perguntem aos torcedores de Galo, Raposa ou Urubu se eles estão preocupados com o desempenho ruim na primeira rodada. De jeito nenhum. Eles sabem que os Estaduais não acrescentam nada. Não dão vaga na Libertadores, nem no Mundial Interclubes.

É o que temos, no momento, mas a Copa Sul-Minas chegou para dizer que tem força para ficar, aumentar os clubes e as datas, e se tornar uma competição importante para o primeiro semestre. E não me venham cobrar das prefeituras quebradas e com o pires nas mãos. Elas não podem patrocinar os clubes do interior, e deixar doentes na fila dos hospitais. Se houver nos municípios empresas que queiram patrocinar os clubes do interior, ótimo. Caso contrário, não podemos tirar dinheiro da saúde, educação e segurança para investir no futebol. A bola rolou de Norte a Sul do país, mas tenho a certeza de que o torcedor quer ver a Copa do Nordeste, a Copa Verde e a Copa Sul-Minas-Rio. Os Estaduais morreram há tempos, mas se esqueceram de enterrar.


fonte:http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/colunistas/jaeci-carvalho/2016/02/01/se-coluna_jaeci_carvalho_interna,328571/competicao-retrograda-e-sem-apelo.shtml

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