sábado, 6 de agosto de 2011

A influência do futsal nas posições de atletas de futebol do Santos Futebol Clube

Autores: Felipe Sá, José Alexandre Fiúza “Barata”, Renato Ossis
Orientador: Antônio Coppi Navarro



Do Futsal para o Futebol: Uma transição sadia.

Quando um atleta inicia a sua carreira, normalmente ele começa nas categorias iniciais de futsal (FONSECA, 2007). Essa iniciação costuma ser com 5 e 6 anos como vimos no capítulo anterior, podendo ocorrer até antes, dependendo do desenvolvimento da criança. Não que essa iniciação possa ser adequada, mas ela acontece na maioria dos clubes e escolinhas pelo nosso Brasil. Talvez isso ocorra pela vontade das próprias crianças ou pelo fato de desde bebes já terem um time para torcer, milhares de influências de nossa sociedade juntamente com as mídias diversas (FREIRE, 2006).Para essas crianças, ter o futebol em sua cultura como uma coisa muito forte acaba fazendo com que inevitavelmente, se não toda, mas uma grande parte das crianças brasileiras tenham uma experiência com a modalidade, mesmo que negativa, ela em algum momento jogava, joga ou jogará futebol, ou seja, em alguma parte de suas vidas o futebol será muito importante, sendo apenas um esporte que ela pratica nas horas vagas, sendo uma atividade na hora do recreio com os amigos ou como realmente um ideal, um sonho a ser realizado daqui a alguns anos, que é ser jogador de futebol.
Visto isso, conforme a criança vai crescendo e chega por volta dos 10, 11 anos, ela começa ter a oportunidade de começar a jogar futebol em um nível federado. Só que muitos não acreditam que ela já esteja desenvolvida para praticar o futebol, mesmo sendo parecido com o futsal, tem suas características próprias, dificultando uma boa prática para essa criança que não está completamente preparada para praticar a modalidade com as regras e dimensões oficiais do futebol. Com isso, ela passa por uma fase de transição do futsal para o futebol, havendo assim uma adaptação a nova modalidade.
Esse processo precisa ser bem acompanhado tanto pelos profissionais que atuam no futebol, como os que atuam no futsal, pois agora ela irá praticar duas modalidades com características diferentes simultaneamente. É necessária uma aproximação de ambas as modalidades para evitar futuras sobrecargas, treinamentos inadequados, chegando até a possíveis lesões futuras, atrapalhando o crescimento do atleta dentro do esporte (SANTANA, 2008).
São milhares de opiniões a respeito dessa transição. O importante é controlar as cargas de treinamento e ter um acompanhamento diário de todos os treinos realizados havendo assim uma interatividade sadia entre futsal e futebol não prejudicando o crescimento e desenvolvimento natural da criança.


O Futsal como um Contribuinte na Formação de Craques


Segundo Fonseca (2007), o futsal é muito dinâmico e um dos fatores é que diversos tipos de somatotipos diferentes praticarem o jogo.
Percebe-se também que as formas de prática são inúmeras existindo uma grande diversidade nos tipos de quadra. Outro detalhe importante é que as regras podem ser alteradas para cada tipo de ambiente, tipos de metas, e materiais, fazendo com que a cada lugar que o futsal é praticado seja criado um novo tipo de jogo, uma nova dinâmica, interação e objetivo, facilitando a entrada dessa modalidade a qualquer lugar do Brasil e do mundo.
Por essa razão, a cada dia o futsal tem crescido como um colaborador importantíssimo quando falamos de formação de jogadores. Aqui no Brasil as quadras estão se tornando verdadeiros celeiros de craques, passando a ser por muitos, um facilitador indispensável de formação obrigatória para um futuro de sucesso no futebol. Muitos também defendem que alguns fatores como tomada de decisão, movimentação curta e rápida, mudança de direção, habilidade motora, noção espaço-temporal, enfim, apontam o futsal como um propiciador direto dessas qualidades que fazem toda a diferença no futebol.
Segundo Fonseca (2007) não é perigoso dizer que o futsal é a maior forma de introduzir as crianças brasileiras no universo do futebol. Por volta de 4 ou 5 anos, elas começam a praticar em clubes, nos pátios do colégio, com os amigos da rua, praças, corredores, e até mesmo dentro das próprias casas inventando brincadeiras que mais se assemelhem com o futebol. A partir dos 6-7 anos já poderão ter a oportunidade de participar de campeonatos e festivais organizados pelas federações de cada Estado. Esse fato reforça a idéia de que o futsal é o introdutor da maioria dos atletas no futebol, pois as federações de futebol só reconhecem e apóiam organizando campeonatos oficiais a partir dos 14-15 anos de idade, ou seja, a criança que sonha em jogar futebol teoricamente precisará ter uma passagem pelo futsal.


Escolhendo a posição no futebol


Pode-se perceber que determinar a posição que um indivíduo irá praticar e/ou jogar, é muito complexo, pois exige uma análise de todas as características físicas, táticas, técnicas e psicológicas (SANTOS FILHO, 2002).
Normalmente esse atleta que chega ao futebol teve uma passagem, mesmo que mínima pelo futsal, que é um esporte parecido em ações táticas, regras, fundamentos, entre outros. Ele não terá muita dificuldade, mas com certeza irá demorar um tempo para sua adaptação a novos espaços de jogo, a via metabólica utilizada e adaptações referentes aos materiais para prática do futebol como o tipo de piso, o calçado e o tipo de bola.
Observou-se que essa adaptação é muito tranqüila, sobretudo porque essa transição já vem ocorrendo indiretamente, por meio de pequenas experiências vividas no campinho do bairro ou mesmo em alguns treinos durante a semana, intercalando com a prática, ainda maior do futsal.
Isso é o que se tem visto em clubes de expressão, como no Santos Futebol Clube, no qual tivemos a oportunidade de acompanhar o trabalho desenvolvido.
Antes do técnico decidir em qual posição um atleta irá jogar existe uma análise de todas as características, adequando-o naturalmente a uma posição em que necessite das características apresentadas pelo mesmo. Salvo algumas exceções, essas regras são seguidas pela maioria dos profissionais que normalmente recebem um histórico característico do futsal, onde existiu toda a iniciação e a preparação geral para que o atleta esteja em condições de uma prática relevante, agora, no futebol.
Para Greco (2007) precisa preocupar-se em respeitar aspectos maturacionais de todo desenvolvimento do atleta não ultrapassando estágios e nem pulando etapas que serão importantíssimas em um futuro próximo para aquisição de novos conhecimentos dentro da modalidade que o ajudarão a continuar nessa estreita caminhada em busca do sonho de se tornar em um jogador profissional.
Conforme Greco (2007) é muito importante que os profissionais que trabalham no futsal e futebol nas categorias que fazem parte dessa transição interajam para que problemas de sobrecarga, uma incompatibilidade a nova modalidade, fatores psicológicos, entre outros, não interfiram em hipótese alguma nessa transição. Há uma preocupação muito grande nesta etapa, mesmo que os esportes se assemelhem, os ambientes de um modo geral são outros, precisando de um acompanhamento diário de possíveis problemas que os atletas que estão chegando e se adaptando irão enfrentar. Por isso é fundamental uma organização entre os departamentos de futsal e futebol para uma boa continuidade da carreira do atleta.

Um possível Retorno para o Futsal

Segundo Santos Filho (2002) é possível que hoje, neste exato momento um menino acaba de receber a notícia que não faz mais parte do elenco da equipe de futebol a onde joga. Esse atleta tem algumas opções. Dentre elas é procurar outra equipe, outra é parar de jogar e a outra é recorrer ao departamento de futsal do clube que normalmente ele teve uma passagem que não teve continuidade devido ao fato de a maioria dos jogadores que estão jogando futsal hoje sonham em um dia irem para o futebol por diversos motivos, como uma projeção maior, uma esperança de poder chegar onde jogadores famosos estão e assim por diante.
Para Santos Filho (2002) a possibilidade de um retorno para o futsal é real e ocorre dentro dos clubes. Talvez o atleta não conseguido se adaptar as condições do jogo de futebol em si, ou mesmo não ter um nível mínimo para fazer parte do grupo. Essas são coisas naturais, mas que também precisam de nossa atenção. Talvez as características do atleta não sejam para a modalidade futebol, mas que por outro lado se encaixam perfeitamente na quadra, jogando futsal. Por quê? Não sabemos.
Mas sabemos que se esse atleta tiver a oportunidade de continuar praticando ele poderá seguir a carreira dentro do futsal, porque não? Temos essa mentalidade que o jogador de futsal hoje só está passando por uma etapa obrigatória porque não existem categorias de 5, 6, 7,8 anos para jogar futebol. Se existissem, com certeza o futsal não faria mais parte de alguns clubes.
Os clubes precisam abrir as portas para esses garotos tendo todas as categorias do futsal até a categoria principal. Quem sabe aproveitar muito mais atletas que não conseguem seu espaço no devorador mercado do futebol e podem continuar treinando o futsal. Os clubes precisam dar essa continuidade e não acabar com um investimento de anos sem ao menos tentar fazer com que esses atletas tenham uma segunda chance.
Com tudo, o que percebemos é que existem muitas coisas nas “entre linhas” que precisam ser revistas por nós que estamos envolvidos nesse ambiente e tentarmos oferecer todas as possibilidades para o atleta e não ajudar a acabar com o sonho de milhares deles.


CONCLUSÃO


Com a transição do futsal para o futebol, o futsal tem se tornado um facilitador indispensável de formação obrigatória para um futuro de sucesso no futebol. Temos alguns exemplos de jogadores que foram eleitos melhor do mundo pela FIFA, que tiveram início no futsal, como: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Rivaldo.
A importância do futsal para o futebol não está provada cientificamente, porém há um grande campo de evidências que vem avaliado a real contribuição dos atletas que iniciaram no futsal, para o futebol atual.
No entanto neste estudo, pudemos comprovar que os atletas que jogaram futsal, têm a tendência de serem jogadores com posições ofensivas no futebol. Acreditamos que por esta razão os atletas oriundos do futsal têm preferência do treinador em jogar no meio-campo, por serem responsáveis pela organização de jogadas.
Acreditamos que isto se deve as habilidades que esses atletas adquiriram no futsal, tal como: visão de jogo, tomada de decisão, habilidade com a bola, bom passe, marcação, chutes e dribles curtos.


REFERÊNCIAS

CBF. Regras oficiais de futebol. Disponível em: . Acesso em: 10 9 2008.
CBFS. Regras oficiais de futsal. Disponível em: . Acesso em: 10 9 2008.
DUARTE, Orlando. História dos Esportes. São Paulo: Makron Books, 2000. 99-103, 111-112 p.
FONSECA, Cris. Futsal: o berço do futebol brasileiro. São Paulo: Aleph, 2007.
GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001.
FREIRE, J.B. Pedagogia do Futebol. Campinas: Autores Associados, 2006.
ROSE JUNIOR, Dante de. Modalidades Esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
SANTANA, Wilton Carlos de. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. Campinas: Autores Associados, 2008.
SANTOS FILHO, José Laudier Antunes dos. Manual de Futebol. São Paulo: Phorte, 2002.
VOSER, Rogério da Cunha. Futebol: história, técnica e treino de goleiro. Porto Alegre: Edipucrs, 2006.
VOSER, Rogério da Cunha. Futsal: Princípios técnicos e táticos. Rio de Janeiro:Sprint, 2001.
GRECO, Pablo Juan. Iniciação Esportiva Universal; 1 Da aprendizagem Motora ao Treinamento Técnico. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2007

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