sábado, 2 de março de 2013

O Mineiro Carlos Alberto Silva Técnico de Futebol e destaque em entrevista pelo jornal do Cref 6 /MG ,


POR: VITOR MOREIRA

O que jogadores como Ronaldo Fenômeno, Careca, Luizão e Amoroso têm 
em comum? Todos subiram das categorias de base para as equipes principais 
graças  ao faro apurado do técnico Carlos  Alberto Silva. Foi pelas mãos dele, 
também, que Romário chegou à Seleção Brasileira, em 1987.
 Não bastasse a habilidade em descobrir talentos, Carlos Alberto também ostenta um currículo 
inquestionável: um Campeonato Brasileiro (1978, pelo Guarani), um campeonato 
japonês (1990), bicampeão nacional com o Porto (91/92 e 92/93), uma Supercopa 
de Portugal (92), uma Supercopa com o Cruzeiro (95), quatro títulos estaduais 
(um deles com o Atlético, em 81) e o Panamericano de 87 com a seleção.
Dono de uma humildade e simpatia ímpares, Carlos  Alberto concedeu  entrevista 
ao Jornal do CREF6/MG e falou sobre sua carreira, as chances do Brasil  na 
Copa e a falta de profissionalização no esporte.







“Formação em Educação Física foi 
fundamental na minha carreira”


Em menos de dois anos, o Brasil sediará a Copa do Mundo. 
O país tem alguma chance de se sagrar campeão?

Acho difícil. Estamos a praticamente seis meses da Copa das Confederações e 
ninguém sabe dizer qual é o time-base do Brasil.
Ao longo dos  últimos dois anos, a seleção enfrentou adversários fraquíssimos, 
que não nos permite avaliar o patamar de qualidade da nossa equipe.
 E o momento de se cogitar uma troca de comando já havia passado. 
É uma  história repetida do que aconteceu comigo e o Lazaroni na Copa de 90. 
E deu no que deu. [Em  1989, Carlos Alberto Silva foi demitido do cargo de técnico da seleção sem nenhuma explicação. 
Sebastião Lazaroni assumiu e comandou a equipe na Copa da Itália, no ano seguinte. 
O Brasil foi eliminado nas oitavas-de-final pela Argentina, em uma das piores campanhas do
 país em Copas do Mundo.]

Independentemente do resultado em campo, a Copa pode ser benéfica para o Brasil? 
Sem dúvida. 
A Copa proporcionará  ao resto do planeta uma nova imagem do  Brasil. 
O país passará a integrar um bloco de  potências, especialmente  após as  Olimpíadas.
 Podemos provar que temos condições de realizar um grande espetáculo. 
Com certeza vai faltar uma coisa ou outra, mas isso também aconteceu nas  outras sedes.  
Além disso, a Copa vai abrir possibilidades para uma maior profissionalização do futebol no Brasil. 

Falando em profissionalização, você é formado em Educação Física pela UFMG. 
Essa formação ajudou em sua carreira? 
Foi  decisiva. Ingressei no futebol em uma época em que se dizia que quem nunca 
jogou futebol profissionalmente não  poderia ser treinador. Os clubes e técnicos não davam 
espaço sequer para preparadores físicos. Isso tudo começou a mudar, principalmente,depois 
que conquistei o Campeonato Brasileiro com o Guarani, em 1978. [Carlos Alberto assumiu o 
Guarani com apenas 38 anos e sofreu grande resistência da torcida e da imprensa, por ter no 
currículo apenas equipes do interior mineiro. 
Hoje é ídolo em Campinas.] 

Ainda falta profissionalização entre os 
técnicos no futebol brasileiro? 

Sempre achei que ex-jogador que assume o cargo de técnico deveria passar 
por  um curso  preparatório. 
No curso de Educação Física aprendi questões de fisiologia e nutrição que um ex-jogador 
simplesmente ignora. O conhecimento deles se restringe ao que aprenderam durante a 
carreira, com os técnicos que os treinaram. 
É muito pouco.
 O centro de treinamento da CBF, por exemplo, poderia ser muito mais 
bem aproveitado oferecendo cursos a esses jogadores que querem se tornar técnicos de 
futebol. 

Esse problema se estende às categorias de base? 

Principalmente lá.
  A maioria dos clubes não oferece estrutura para seus garotos. 
 As categorias de base ficam entregues a empresários. 
 A prática, hoje, é pegar qualquer ex-jogador que encerrou carreira na equipe
 e colocá-lo para treinar a base, sem nenhum tipo de preparação.

Dos novos técnicos que estão no 
mercado você apontaria algum cujo trabalho 
você admira?

Acho que o Ney Franco [atualmente treinador do  São Paulo] está trilhando um 
caminho muito bom.  [Coincidência ou não, Ney Franco é outro caso de treinador 
formado em Educação Física e que não fez carreira como jogador.]

Você já está afastado do futebol há 
quatro anos. Ainda pensa em retornar?

Se me pagassem um salário justo, preferiria treinar as categorias de base. 
Mas como dizia Gilson  Santana, um professor que tive: 
“o mais difícil no futebol é entrar na roda”. 
Voltar, então, é quase impossível



FONTE: Jornal do CREF6/MG • Ano 12 • nº 16


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