Palavra dos professores
As regras de qualquer desporto servem para normatizar as ações dos
mesmos, dentro de um limite de ações técnicas e disciplinares.
A transgressão das regras gera de imediato, uma punição,
que se reverte em benefício do adversário.
Porém o que queremos discutir é se uma seqüência de punições
inibe ou estimula nosso atleta das categorias de base, no seu
desenvolvimento técnico tático.
A criança só aprenderá, vivenciando, participando e que estas
experiências sejam realmente educativas, longe das pequenas
batalhas que invariavelmente se travam nos jogos das
categorias de base.
Em primeiro lugar, muito se discute qual a melhor idade
para começar a competir, considerando os aspectos físicos
e psicológicos.
A evolução da fisiologia do exercício, nos últimos 20 anos responde
a maioria das perguntas quanto ao aspecto físico. Já quanto ao
psicológico, no que diz respeito às reações do indivíduo frente
as diferentes facetas da competição, muito há ainda que pesquisar
e responder, embora a presença do psicólogo na Comissão Técnica
seja imprescindível e indiscutível.
Seguindo o nosso raciocínio, porque se critica tanto o início precoce
no Futsal, quando na Ginástica Olímpica se começa aos 3,4 anos e
um ginasta aos 19,20 é considerado um velho? Responder esta pergunta
requer um pouco de atenção. A evolução da ciência, em geral
e o bombardeamento de informações dos meios de comunicação,
amadurece muito mais rápido um indivíduo do que há 15,20 anos atrás.
O primeiro presente que um menino (e por que não as meninas?)
recebe é uma bola de futebol. Começam no Futsal porque os espaços
nas cidades cada vez são menores e porque quase todo mundo acha
que o Futsal é um Futebol de Campo pequeno, o que não é totalmente
mentira nem totalmente verdade. Alguns clubes de Futebol já descobriram
a qualidade especial dos craques de campo, que começaram no Futsal.
Isso pelo seu tempo de reação apurado, básico no Futsal e muito importante
nos espaços de Futebol de campo, onde o jogo se decide.
Então, a questão central é quem ensina o que, e qual a qualidade
didática desses ensinamentos, e o que as regras ajudam ou poderiam
ajudar na formação do atleta.
Estamos de acordo que o início ideal deva ser em torno dos 7 anos de idade,
que coincide com a saída do chamado Jardim para a primeira série
do primeiro grau.
do primeiro grau.
Neste momento a criança reconhece um grupo distinto do familiar e
tem que repartir experiências fundamentais na natureza
associativa do Futsal.
tem que repartir experiências fundamentais na natureza
associativa do Futsal.
O que desmotiva as crianças nos primeiros anos de Futsal é, quase sempre,
a má conduta de Pais e Treinadores (ainda que a nível inconsciente),
preocupados uns em compensar suas frustrações e os outros só em
suas aspirações pessoais. É comum o caso de Clubes que buscam jogadores
de boa técnica e não se preocupam com a formação tática do jogador.
Enquanto só a técnica e a estatura fazem diferença, ótimo. Depois o
que se vê são os inúmeros exemplos de mini craques que desaparecem
sem deixar vestígio, impedidos de chegar ao juvenil e ao adulto.
Outro exemplo são os jogadores que passam temporadas inteiras
sentados no banco, com pouca ou nenhuma oportunidade de jogar,
privilégio dado a 5,6 jogadores do plantel que tudo resolvem.
Existe também a desculpa de que jogador de primeiro ano de categoria
não serve para nada mais que completar treino e perdem a oportunidade
de vivenciar e aprender o que poderia ser útil, de imediato.
É neste momento que a mudança de regras, pelos menos nas
categorias não oficias (as oficiais são infantil, juvenil e adulto)
poderiam aportar algo mais que a punição ao atleta.
Sigamos os exemplos do voleibol e do basquete onde as
regras se diferenciam nas categorias, de base para ajudar
na formação do atleta. Os treinadores não se acomodam
e tratam de trabalhar, corrigir e formar atletas, pois sabem
que necessitam de gente qualificada para competir.
No futsal, já existem alguns bons exemplos, como o da
Federação de São Paulo, que exige que todo mundo jogue
pelo menos 5 minutos até a categoria Pré-Mirim,
mas há muito por fazer como, por exemplo, diminuir o
tamanho da baliza, que é muito grande para jogadores até mirim,
acabar com laterais e escanteios batidos direto a área adversária
(isto não se parece com nada que se vê no Futsal profissional).
Não permitir que o goleiro chute ou passe para chutar direto ao campo
adversário, quicando a bola, etc.
O que acontece é que um jogador de menos técnica acaba aprendendo
a raciocinar melhor porque sabe que não vai resolver na habilidade
e o jogador habilidoso, que não é incentivado a raciocinar porque
nos satisfazemos com meia dúzia de dribles que possam dar.
Indiscutivelmente, nossos jogadores seguem sendo os melhores
do mundo taticamente, mas precisamos melhorar a qualidade do
que se oferece a nossa criança e a mudança da regra nas categorias
iniciais como chupetinha, mamadeira, fraldinha, pré-mirim e mirim
seria muito bom para fomentar uma preparação mais adequada.
É necessária esta revolução pedagógica, afinal são mudanças
importantes que necessitam acontecer.
Profs. Paulo Gambier e Fernando Ferretti
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