sábado, 22 de março de 2014

HOMENAGEM A VICTOR CUNHA QUE FALECEU HOJE NA TERRA DO REI PELÉ.








Victor Cunha é uma figura-monumento da cidade. 


É um livro de referência que se presta à consulta de estudiosos da história local, sem objetivos literários. Outra composição é dedicada à escola Bueno Brandão, intitulada Escola Estadual Bueno Brandão.

E. E. BUENO BRANDÃO
Autor: Victor Cunha – Composição

Muitos anos de ensino Primário
Nosso Grupo foi sempre o primeiro
Na vanguarda do mundo infantil
Educando com amor verdadeiro
Os seus mestres se orgulham de ti
És o berço das grandes lições
Hoje, Escola Bueno Brandão
És o orgulho de Três Corações
És majestosa, e imponente
Cheia de vida e tradição
Teus alunos te amam contentes
Nossa Escola Bueno Brandão
Teus alunos te amam contentes
Nossa Escola Bueno Brandão

Essa composição homenageia a Escola Bueno Brandão, que é uma das mais antigas da cidade. Lugar que representa, para ele e para os habitantes de Três Corações, o orgulho e a tradição do ensino tricordiano. Impossível compreendê-la sem nos determos na história, mesmo que sucinta, dessa instituição. Nas palavras de Edgar Morin: É verdade que a história esqueceu, durante certo tempo, o acontecimento, o fato, considerando que ele não passava da superfície das coisas, mas hoje ela o reintroduz. Em suma a história é a ciência que situa no tempo tudo o que é humano. É na história que nós existimos. Não podemos nos compreender fora da história, pois o próprio historiador é historicizado (Morin, 2002, p. 357).
Bueno Brandão, é um nome em homenagem feita ao Presidente do Estado de Minas Gerais, Julio Bueno Brandão.
 A arquitetura desse prédio guarda as características originais, um estilo eclético, em que o neoclássico se mescla com o art nouveau, numa mistura repetida em alguns prédios mais antigos da cidade.
 Em seu interior destacam-se coloridos azulejos de banheiros que lembram a decoração dos hotéis situados no chamado circuito das águas.
 Juntamente com a Matriz da Sagrada Família, integra as construções que se destacam na arquitetura local e delimita a praça em que está situado, praça que é a principal de Três Corações.
As estratégias de constituição do discurso dessa composição obedecem praticamente aos mesmos processos da poesia anterior: rimas pobres (lições/corações; primeiro/verdadeiro, etc.); aliterações (primário/primeiro) e os versos finais atuando como estribilho. Tudo nos leva às composições do passado, como se não tivesse havido modernismo, nem discussão sobre novas formas de fazer poesia.
Contudo não se quer apenas explicitar as características da composição como obra literária. Estamos diante de enunciados que se conformam a um determinado gênero de discurso, no caso um discurso que se aproxima da forma romântica, em que podem ser detectados rastros de Casimiro de Abreu, no que diz respeito à infância, a um espaço-tempo irrecuperável. 
Evidente que nenhum autor escreve pela primeira vez sobre qualquer tema. 
Seu objeto de discurso já foi apresentado e discutido por outros. Então o discurso é o lugar onde vozes diferentes se encontram e se distanciam.
O locutor não é um Adão, e por isso o objeto de seu discurso se torna, inevitavelmente, o ponto onde se encontram as opiniões de interlocutores imediatos (numa conversa ou numa discussão acerca de qualquer acontecimento da vida cotidiana) ou então as visões do mundo, as tendências, as teorias, etc. (na esfera da comunicação cultural). A visão domundo, a tendência, o ponto de vista, a opinião têm sempre sua expressão verbal (Bakhtin, 19992, p. 319-320).
Na dialogicidade, o poeta exibe, portanto, um texto cujo objeto é o reflexo subjetivo (o que o poeta pensa e sente) de um aspecto objetivo do real (aspectos de Três Corações). 
Três Corações é, para Victor Cunha, o ponto de partida de suas composições; a cidade é o signo desencadeador das formas concretas de seu discurso, cujas relações de sentido são de natureza factual (a Velha Guarda, a Balalaika, a escola estadual Brandão Bueno, etc.). Há uma vontade de registrar esses elementos, poupá-los da ação do tempo, para que os próximos tomem conhecimento do que existiu. 
No fundo dessas atitudes, está o medo do esquecimento, que é na verdade o medo da morte.
A evolução de um sistema no tempo não é uma sucessão de transições entre elementos estáticos, mas sim ataques de níveis sucessivos de complexidade ou, ao contrário, de desorganização.
Até agora, as ações empreendidas permaneciam causalistas: agia-se sobre um parâmetro e mediam-se os resultados.
 Na sistêmica moderna age-se sobre vários parâmetros ao mesmo tempo (Morin, 2002, p.496).
Victor Cunha é uma figura-monumento da cidade. 
Seu dinamismo se faz notar nos eventos que organiza, quando apresenta espetáculos sobre compositores brasileiros. 
Sua generosidade se manifesta ao colocar à disposição dos alunos o vasto material de que dispõe para realização das pesquisas. 
Sem ele, não seria possível esse trabalho.

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Maria Ermantina
G. G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
CUNHA, Victor. CD-Saudade. Três Corações: Gravadora Tom Maior, 1999.
CUNHA, Victor. Saudade. Três Corações: Gráfica Veritas, 1999.
MORIN, Edgar. A religação dos saberes. O desafio do século XXI.
Trad. Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

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