sábado, 21 de dezembro de 2013

O Time dos Sonhos

Por: Guilherme Guarche

Foi o mestre maior da literatura esportiva brasileira, o pena de ouro, De Vaney, quem vaticinou num momento de muita inspiração e conhecimento sobre futebol, como só ele podia enxergar, que naquele distante 19 de abril de 1960 ao comentar nas páginas do Jornal A Tribuna de Santos com o título "Pintou o Esquadrão", matéria essa que antevia o nascimento de uma equipe que teria a partir daquele dia o melhor quinteto dianteiro que um time de futebol poderia possuir foi o nascimento de um ataque composto por cinco jogadores que levaram o nome do Santos FC a ser respeitado e amado em todo o mundo e que jogaria junto pela primeira vez naquela noite pelo Torneio Rio-São Paulo no Estádio do Pacaembu e empataria com a Portuguesa de Desportos pelo placar de 2 a 2, com gols de Nei e Zito, formando com: Laércio; Feijó, Mauro e Zé Carlos; Calvet (Formiga) e Zito; Dorval, Nei (Mengálvio), Coutinho, Pelé e Pepe.
De Vaney assim previu o futuro vencedor do time praiano: "Pela primeira vez este ano, um treino em conjunto entre elementos radicados ao Santos teve a presença da quase totalidade do plantel. Faltaram apenas, Mário, Jair, Pagão e Urubatão. Os reaparecimentos de Zito e Formiga e a nova, e já agora decidida volta de Pelé, emprestaram ao ensaio um cunho de sensação, despertando um enorme interesse que se traduziu através do público numeroso, capaz de deixar com água na boca muito jogo de alta qualidade. O que aqui se quer destacar é o fato de que "pintou" o esquadrão que vai tomar sobre os ombros a responsabilidade de reaver o prestígio e o renome mundial do Santos Futebol Clube. A Tribuna, com antecipação e exclusividade, apresenta o quadro base do Santos FC para as campanhas de 1960 e, é claro, sofrerá, ainda, tantas modificações quantas se tornarem necessárias. Mas que o arcabouço ai está na fotografia, disso não tenham dúvidas. Na foto em pé da esquerda para a direita, o goleiro Irno, Zito, Calvet, Zé Carlos, Formiga, Mauro e o também goleiro Laércio, em primeiro plano Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe".

Reprodução da matéria de A Tribuna de 19/04/1960 onde De Vaney previa o começo do Time dos Sonhos do Peixe
Esse ataque sem comparação até hoje em todo o Universo jogou com a camisa do Alvinegro mais famoso do mundo, 97 partidas, conquistando 68 vitórias, empatando 11 e perdendo 18 jogos. Marcaram nestas partidas 314 gols e o time sofreu 155 com uma média assombrosa de 3,23 gols por partida.
Dorval dos Santos, o Macalé, jogou pelo Alvinegro 612 partidas e marcou 198 gols. Sua estréia no time principal ocorreu no mesmo jogo em que o Rei Pelé estreou na vitória pelo placar de 7 a 1 diante de um time de Santo André no dia 07/09/1956. Dorval nasceu em Porto Alegre e veio da equipe gaúcha do Força e Luz.
Mengálvio Pedro Figueiró, o Pluto, jogou pelo Santos 371 partidas e marcou 28 gols veio da equipe do São Leopoldo do Rio Grande do Sul, estreou no dia 19/04/1960 no empate com a Portuguesa de Desportos pelo placar de 2 a 2. Mengálvio nasceu em Laguna, Santa Catarina.
Antônio Wilson Honório, o Coutinho, que ganhou esse apelido do famoso radialista Ernane Franco, que queria chamar o garoto de Antoninho, em homenagem a Antônio Fernandes, o craque maior do Peixe nos anos 40. O jovem que veio da cidade de Piracicaba não gostou do apelido e preferiu então ser chamado de Coutinho já que sua mãe o chamava de Cotinho. Sua estreia foi na vitória diante do Sírio-Libânes no dia 17/05/1958 em Goiânia com o placar de 7 a 1 para o Santos. Coutinho jogou essa partida com 14 anos e 11 meses de idade e é o mais jovem jogador a vestir a camiseta do time principal santista em toda a sua existência.
Coutinho nasceu em Piracicaba e pelo Peixe jogou 457 partidas marcando 370 gols. Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, jogou pelo Alvinegro 1116 partidas e marcou 1091 gols. Pelé nasceu na cidade mineira de Três Corações. José Macia, o Pepe, jogou pelo Santos 759 partidas marcando 405 gols. Pepe nasceu em Santos.

Charge doada ao clube por Benedito Leonardo Senatore, promotor de Justiça de Vitória-ES e torcedor do Peixe
A última partida em que esse ataque maravilhoso atuou junto foi na Costa do Marfim, em Abidjan no início de 1966 na vitória diante do State Club pelo placar de 7 a 1 com gols de Pelé (2), Coutinho (2), Pepe (2) e Lima formando o Peixe com Gilmar (Cláudio); Carlos Alberto, Mauro (Oberdã) e Geraldino; Lima e Orlando; Dorval, Mengálvio (Zito), Coutinho (Toninho), Pelé e Pepe (Abel).
Agradeço ao jovem e competente jornalista Leonardo Correia, filho do também jornalista, o experiente Sérgio Luiz Correia, pela colaboração na elaboração deste texto.

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