quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

APRENDENDO COM DONDINHO ( PAI DE PELÉ )

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Já é patente que todo bom líder é um educador e que todos bons pais são educadores. Mas, o que é um educador?

 A resposta popular, é que educador é o ser que tem por função educar as pessoas.
 E este é o grande erro conceitual, já bem esclarecido pela moderna pedagogia.
O educador, que merece essa denominação, sabe que educar não é sua função. 
Ele tem consciência de que não é ele que “educa”. 
Sabe que cabe a si a importante função de criar ambiente favorável para a própria pessoa se auto-educar. 
Por exemplo, um professor não educa seus alunos. Sua única função possível é estimularem-nos a se auto-educarem.
 Para melhor entendermos a função de um educador, pense num hábil jardineiro.
 Ele aduba o jardim, planeja os canteiros, revolve a terra e, por fim, planta as sementes no solo. 
Se o adubo é bom, se o planejamento foi bem feito e se a terra foi bem preparada e irrigada, surgirá um belo canteiro, onde lindas e cheirosas flores irão encantar o ambiente. 
 O educador é o jardineiro.

 O educando é a semente.
Nas duas histórias a seguir, veremos um exemplo do que como se comporta um educador, no caso, Dondinho, pai de Pelé. Em todas as situações apresentadas as falas de Dondinho com sue filho, sustentam-se em cinco importantes pilares educacionais: orientação, amor, respeito, comunicação educativa; valorização da individualidade.

Primeira história:

Palavras de Pelé comentando uma ocorrência de sua infância:

(*) ”Por volta dos sete ou oito anos, eu estava apaixonado por aviões e sonhava em ser piloto. Costumava ir ao Aero Club para ver os aviões e planadores fazerem manobras. Queria desesperadamente me tornar aviador, e sempre que possível escapulia, até mesmo cabulando aulas, para me maravilhar com os aviões sendo preparados para a decolagem, pousando, os pilotos cuidando dos seus afazeres. Parecia um jeito incrivelmente romântico de ganhar a vida – de viver -, e eu me rendi ao seu fascínio.

Lembro-me de conversar com meu pai (Dondinho) sobre o assunto e ficar surpreso ao descobrir que ele considerava bastante razoável o meu projeto: imaginava que fosse descartar a ideia, mas, em vez disso, astutamente, ele me lembrou de todos os conhecimentos que precisaria acumular para alcançar a minha meta – leitura, redação, navegação e tudo o mais. 
Foi uma das primeiras vezes que me lembro de ter sido tratado por meu pai como homem, de ser levado a sério, e isso me impressionou muito”.

Segunda história:

Waldemar de Brito foi um jogador talentoso da década de 30 do século passado. 
Foi também o descobridor de Pelé.
 Aos dezesseis anos, sob os cuidados do seu descobridor, Pelé mudou-se de Bauru-SP para iniciar sua trajetória no Santos Futebol Clube.
 Pelé relata que nesta sua nova fase, uma das primeiras palavras de Waldemar de Brito a ele foi: “Nada de fumar”.

E sobre o assunto “fumar”, Pelé comenta:

(*) “Não fumar não era problema.
 Um ano ou dois antes de ir para Santos, sentado com amigos numa rodinha a uns 50 metros de casa, eu tinha aceitado um cigarro de um deles. 
Uma porção de garotos da minha classe já estavam viciados, e eu me inclinava a seguir aquele caminho também. 
Mas foi só eu me descuidar um instante de vigiar a porta de casa para a eventualidade de sair alguém quando, de repente, lá vinha o meu pai.
 Passou por nós e disse: ‘Oi’, sorrindo como sempre fazia (ele estava sempre feliz), e seguiu em frente sem esboçar uma reação. 
Joguei o cigarro fora, atordoado – sabia que estava em apuros. 
Meus amigos me disseram que não me preocupasse, meu pai não tinha percebido que eu estava fumando, ou melhor, tentando fumar. 
Fui para casa. 
Cheguei a pensar que ele não tivesse visto nada, mas estava enganado. Nossa conversa foi simples:

--- Você estava fumando?
Respondi que sim, mas que estivera só experimentando o que era fumar, fazia poucos dias. A próxima pergunta dele foi incrível:

--- Qual era o gosto da fumaça?

Falei que não saberia dizer qual era o gosto. 
Não tinha chegado a tragar para saber tanto.
 Meu pai – sempre meu amigo, por toda a vida – aproximou-se de mim, olhou-me nos olhos e disse:

--- Você tem talento para o futebol. 
Pode até virar um craque, mas não vai fazer sucesso nessa profissão se fumar ou beber.
 O seu corpo não vai aguentar.

Então tirou a carteira do bolso, deu-me algum dinheiro e disse algo que me ensinou outra lição, uma lição que nunca vou esquecer:

--- Se você quer fumar, deve fumar seus próprios cigarros, não ficar filando de outras pessoas.

Naquele momento, senti de novo o quanto ele me amava e vi que tinha razão.
 Desde então nunca mais fumei. 
Estou absolutamente convencido de que o gesto do meu pai, e suas palavras, foram determinantes. 
Se tivesse levado uma surra, provavelmente não teria parado de fumar. 
Isso me fez admirar meu pai ainda mais – era um homem simples, mas um homem de muita dignidade e visão”.

Não há jardineiro no mundo que consiga o milagre de fazer a semente desabrochar. 
Esta função é da própria semente. 
Somente ela traz potencialmente essa condição. 
Mas o jardineiro pode, conforme vimos nas duas histórias de Pelé, criar o ambiente ideal para a semente – por si mesma - desabrochar.

Não há líder, pais, ou pessoa no mundo que faça um ser humano crescer interiormente. 
Esta função é da própria pessoa. 
Mas o educador pode criar o ambiente ideal para o ser, por si mesmo, se auto-educar ou se auto-motivar. 
E nisto, Dondinho, pai de Pelé, foi um craque!

[(*) Comentários de Pelé extraídos do livro Pelé – A Autobiografia, Editora Sextante, 2006]
Currículo do autor: Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Juntamente com sua equipe de consultores, tem seu foco de atuação em diversas áreas de treinamento, como VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO, ORATÓRIA, LIDERANÇA, COACHING, RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO ESCRITA, COMUNICAÇÃO VERBAL, CRIATIVIDADE, HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE EMPRESARIAL, VENDAS, FINANÇAS, EFICAZ COMUNICAÇÃO INTERNA, NEGOCIAÇÃO, PRODUÇÃO/CHÃO DE FÁBRICA, ETC.

Suas teses e artigos estão expostos em renomados veículos de comunicação, como: as revistas Você S/A eBons Fluidos, da Editora Abril; revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, Editora Globo; revista “Venda Mais”, Editora Quantum; e os jornais Valor Econômico, O Estado de São Paulo eJornal do Brasil, etc.




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