quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Talento que vem do berço


Dondinho, pai de Pelé, também encantava pelos campos do Sul de Minas e chegou a vestir a camisa do Atlético na década de 40, mas sofreu contusão no joelho direito



Antônio Melane - Estado de Minas



Publicação:

21/10/2010 20:20
  

Atualização:

22/10/2010 18:57
Dondinho, pai de Pelé, foi jogador e vestiu a camisa do Atlético na década de 40 (Arquivo Estado de Minas - 16/09/1944 )
Dondinho, pai de Pelé, foi jogador e vestiu a camisa do Atlético na década de 40

Enviado Especial
Três Corações - No começo dos anos 1940, João Ramos do Nascimento, o jogador Dondinho, foi prestar o serviço militar em Três Corações, no 4º Regimento de Cavalaria Divisionário do Exército. E conheceu Celeste, uma das cinco filhas de Jorge Arantes, que tinha também três filhos. Era dono de um deposito de lenha na cidade. Como não havia gás, era o principal fornecedor para as famílias, usando uma carroça para transportar o produto.

O futebol no município, depois de uma crise que envolveu o Atlético Clube Três Corações e a Associação e exigiu uma trégua de alguns anos, estava em alta. O médico Daniel de Almeida, que fez o parto de Pelé, reergueu o Atlético TC, contratando Pagão (goleiro), Zezinho, Dunga (um dos grandes amigos de Dondinho), Oscar Rosa, Zé da Bola e o então capitão Elói Menezes, que posteriormente, já com a patente de general, seria presidente do Conselho Nacional de Desportos (CND).
Victor Cunha, de 81 anos, cujo pai também foi presidente do clube, se lembra bem da equipe: "Olha, vencemos o Rio Vermelho por 6 a 1 e Dondinho fez cinco gols de cabeça. Falei com o Pelé e ele lembrou que nenhum jogador conseguiu esta façanha e faria um trabalho para pôr o feito no livro dos recordes." Sempre que tem oportunidade, o Rei destaca que não conseguiu igualar o feito do pai.
Era um timaço para o futebol do Sul de Minas. Cobiçado por vários clubes profissionais, Dondinho foi defender o Atlético, em Belo Horizonte. Atuava de armador, mais pelo lado esquerdo. Um craque sem sorte, que logo na estreia no alvinegro teve um choque com um zagueiro e machucou seriamente o joelho direito.
Com o fim do sonho de defender um time grande, passou a atuar em equipes da região, mudando-se com a família de acordo com as oportunidades. Passou por São Lourenço e foi parar em Bauru (SP), onde o Bauru Atlético Clube lhe prometeu um emprego público. Levou dona Celeste e os três filhos: Pelé (com 4 anos), Jair (o Zoca) e Maria Lúcia. Na casa de Três Corações, ficaram morando Jorge e a mulher, Jorgina.
A cidade do Sul de Minas tinha então 20 mil habitantes e a economia com base na agropecuária e no comércio. Sua feira de gado foi destaque no século 20. Levava à região compradores de quase todo o país. Graças a ela, Dom Pedro II inaugurou lá, em 1884, a estrada de ferro que levava a Cruzeiro (SP), um dos ramais da antiga ferrovia Minas-Rio. Também no local, em 1916, o Banco do Brasil inaugurou sua primeira agência no interior mineiro – 00012-4.
Cidadão do mundo
Rua onde morou Pelé ganhou nome do eterno craque em Três Corações (Jorge Gontijo/EM/D.A Press.)
Rua onde morou Pelé ganhou nome do eterno craque em Três Corações
Os mais velhos se lembram de Pelé, em companhia dos pais, principalmente nos dias de jogos e treinos do Atlético-TC. Outros, apenas brincando na Rua 13, mais tarde conhecida como do Cascalho – tinha muito a ver com as pedras da rua, atualmente denominada Edison Arantes do Nascimento.
As pessoas reclamam que, mesmo tendo familiares em sua terra, principalmente primos, que constituem famílias humildes, e apesar do interesse da população em conviver com o conterrâneo mais ilustre, poucos tiveram  oportunidade de pelo menos poder abraçar o Rei.
Alguns observam que é o preço a pagar por ser um cidadão do mundo. Outros apontam que ele deveria ter dado maior atenção aos amigos de infância e à projeção que seu nome deu a Três Corações.
Ao todo, foram apenas cinco viagens do mito à cidade, uma delas para inaugurar a praça com seu nome e sua estátua. Mas a visita que os mais antigos não esquecem foi em 1966, quando a Seleção Brasileira se preparava em Caxambu para a Copa da Inglaterra. Em uma das folgas, Pelé foi a Três Corações com o preparador físico Paulo Amaral e outro monstro do futebol: Garrincha. 
A cidade parou.
fonte: http://www.superesportes.com.br/app/1,371/2010/10/21/noticia_pele_70_anos,168145/talento-que-vem-do-berco.shtml

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