sábado, 16 de maio de 2015

HOMENAGEM AO PROF. MAURILIO MATIAS MARQUES, EXEMPLO DE SER HUMANO, DESCANSE EM PAZ !




Enfim, missão cumprida!

Entrevista com Maurílio Matias Marques gravada em 2008 para o projeto Memória
da Educação Tricordiana, de Três Corações (MG). 

Pesquisadores: Andressa Gonçalves,
Luis Felipe Branquinho e Paulo Morais. Foto: Paulo Morais.
na categoria Educação
Eu nasci em Heliodora, em 22 de janeiro de 1932. Naquela época,
Heliodora era distrito de São Gonçalo do Sapucaí. Meu pai é João Matias
Marques e minha mãe era Ermelinda Celestina Marques. Não tinha escola no
tempo do meu pai, mas ele gostava de escrever, e lia drama e teatro.
Escreveu muito teatro, era um dom que ele tinha. Ele também dava aula
de música e foi regente da banda da cidade, que se chamava Santa Izabel,
em homenagem à padroeira.
Ele compôs muita música também e a gente aprendia só de ouvir ele
dar aula pros outros.
Eu era criança e já tocava pistão na banda.
De profissão, meu pai era alfaiate. Naquele tempo as pessoas faziam terno
uma vez na vida e outra na morte. Então o serviço era pouco.
Não sei como ele criou
a família inteira, os seis filhos, como alfaiate.
O pessoal que ia fazer a roupa levava o pano.
A alfaiataria dele era só de serviço, não tinha comércio. Primeiro, funcionava
em casa.
O terreno era suficiente para construir e, quando deu uma folguinha nas finanças,
ele fez a oficina ao lado, com dois cômodos.
Tinha uns rapazinhos que iam trabalhar com ele para aprender,
e muitos começaram a viver disso depois.
Parece que tem uma tradição que todo alfaiate era músico,
mas não sei se é verdade.- Se toca bem, pode saber que era alfaiate –
era o que eles falavam
Foi uma experiência boa que eu tive em Aiuruoca. Eu fui transferido de lá para
Três Corações em 1964, logo depois do golpe militar. O padre João Carlos Vilela,
que estava aqui, estava meio que com medo da ESA, porque fazia movimentos
rurais de base.
E o pessoal dos militares estava pegando no pé. Nós fomos colegas de turma
em Campanha, mas depois ele teve problema de saúde, ficou fora do seminário
um ou dois anos e ficou para trás nos estudos.
Hoje, ele é professor aposentado e mora em Varginha. Mas ele trabalhou aqui
em Três Corações antes de mim, justamente no período da revolução de 64.
E a ESA pegava no pé mesmo, a gente não podia abrir o bico dentro da igreja.
Tinha um coronel que era mais católico que o Papa. Ele ficava de olho no padre
mais do que qualquer um. Ia na missa e ficava prestando atenção, se falasse
qualquer coisa contra… O João Carlos foi chamado na época para depor…
E vou falar uma verdade: o coronel sentava lá na frente, mas eu falava o
que eu tinha que falar, o evangelho do dia, indenpendente de ser polícia.

Teve alguns padres que entraram nessa de movimento político,
até mesmo em Três Corações, mesmo com a ESA. Inlcusive aqui
teve o capelão militar, o senhor José Maria Maciel, que mais tarde nós
vamos falar dele, quando formos falar da faculdade. Eu vou falar pra vocês,
aquele era de esquerda mesmo, apesar de trabalhar de dentro da ESA.
Ele sempre trabalhou com a juventude aqui em Três Corações e
com visão sempre aberta.

FONTE: MUSEUDAORALIDADE.ORG.BR

Nenhum comentário:

Postar um comentário