quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Pelé dos treinadores – Felipão


 
Felipão - eleito pela IFFHS - Federação de História e Estatística do Futebol o 6º melhor técnico do mundo na última década.
O futebol brasileiro continua revelando talentos sem depender da competência dos profissionais que atuam nas divisões de base dos nossos grandes clubes. Com tantos praticantes motivados pelos exemplos dos ídolos bem sucedidos sempre surgem novos expoentes da modalidade frutos da geração expontânea. Imaginem se os clubes proporcionassem aos treinadores das equipes de base oportunidades para estudar e se aperfeiçoar. Como seria vantajoso para as equipes empregar profissionais receptivos com a psicologia como ciência auxiliar do treinador; competentes, para aplicar métodos de treinamento específicos para o futebol e, suficientemente preparados, para contar com a preparação física como instrumento científico a serviço da modalidade. Treinadores aptos para usar os métodos de observação com objetivo de avaliar o rendimento de cada jogador durante as partidas e competições. Seria muito bom encontrar profissionais capazes de fazer coisas novas, diferentes, ao invés de continuar repetindo tudo que aprenderam com outras gerações de técnicos. Infelizmente, os clubes pouco se interessam pela formação e especialização dos treinadores que atuam nas categorias de base. Não estimulam as tentativas isoladas de alguns profissionais que pretendem aprimorar os conhecimentos relacionados com os fundamentos científicos do treinamento com as habilidades de comunicação, com o trabalho em equipe e com a utilização de outras ciências que podem melhorar o rendimento. A necessidade de formação especializada para treinadores é indiscutível, considerando a importância do futebol na economia e no interesse que desperta na sociedade. As competições de alto nível, nos países desenvolvidos, se alimentam de informações de todos os campos de investigação relacionados com o esporte. A formação é tratada com seriedade, enquanto aqui, os treinadores da base se acomodam com a facilidade de poder escolher entre milhares de praticantes que assediam os clubes buscando oportunidade, apenas os que "julgam" ser os melhores. Inúmeros garotos, com potencial indiscutível, desistem no início da trajetória porque percebem que os critérios de avaliação usados nas categorias de base são empíricos (subjetivos). As escolhas obedecem a critérios emocionais ou vinculados a interesses escusos de personagens ávidos pelos lucros imediatos que o futebol proporciona. Se as principais equipes do país só podem escolher entre poucos treinadores considerados de elite imaginem a carência existente nas divisões de base, justamente onde são lapidados os craques do futuro. Os fatos nos levam a acreditar que, durante algum tempo, continuaremos dependendo do acaso para descobrir talentos e de treinadores que atribuem a má sorte a falta de gols da própria equipe e aos árbitros as vitórias do adversário.

Texto apresentado na Rádio Jovem Pan AM
Arquivado em: Aspectos técnicos e cognitivos, Categorias de base
site: prof.cortez

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