sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ENTREVISTA FUTEBOL : PALAVRA DE TÉCNICO

Vitorioso como atleta, Giba busca o mesmo

 sucesso no banco de reservas

Guilherme Franco

Especial para o site da FPF


Lateral-direito na conquista do Campeonato Brasileiro de 
1990 pelo Corinthians, Antônio Gilberto de Souza Manies, 
conhecido como Giba, foi um dos atletas que 
mais se destacaram no setor durante os anos 80.
 Integrante do time histórico do Guarani que foi derrotado 
na final do nacional de 1986 para o São Paulo,
 o atual treinador do Grêmio Barueri enalteceu sua carreira 
como jogador de futebol e se emocionou quando comentou 
sobre o trabalho com o ‘Rei Pelé’ nas categorias de base do
 Santos.

Natural de Cordeirópolis, interior de São Paulo, Giba iniciou 
sua carreira de atleta pelo Independente de Limeira, mas foi 
pelo rival da cidade que o garoto de apenas 17 anos passou
 a se destacar no futebol paulista. Atuando como volante, 
o jovem atraiu as atenções do União São João, e dois anos
mais tarde, em 1984, foi deslocado para a lateral-direita para
 assumir a vaga de titular no Guarani.
Pela equipe de Campinas, Giba viveu momentos célebres na
 carreira. Atuou ao lado de jogadores como Neto, Evair, 
Ricardo Rocha e Boiadeiro, conquistando os vice-campeonatos
brasileiros de 1986 e 1987. “Era uma época inesquecível. 
Recordo-me que o assunto nos vestiários após os jogos era 
 seria o próximo convocado para a Seleção Brasileira”, 
relembrou o ala. Após os anos áureos no Bugre, o atleta 
atingiu o ápice na sua jornada como atleta do Sport Club 
Corinthians Paulista. Chegou ao clube em 1989 e desde 
os primeiros treinos mostrou que seria capaz de substituir
 jogadores como Zé Maria e Édson Boaro, laterais do 
alvinegro em anos anteriores.
Um ano mais tarde, em 1990, o lateral provou seu potencial
 e levantou o troféu de Campeão Brasileiro pela primeira vez
 na história do Corinthians. “A ansiedade era enorme na época, 
pois o clube nunca tinha sido campeão nacional e pela tradição 
que tinha, era algo inaceitável. Com muito amor à camisa 
conseguimos trazer este título tão importante para a história da equipe”, 
contou Giba. As atuações na época lhe renderam a oportunidade 
 vestir a camisa da Seleção Brasileira em algumas oportunidades, 
mas as fortes dores no joelho direito causaram o fim precoce da 
carreira, aos 30 anos de idade.
Após encerrar a carreira de atleta, Giba aceitou o desafio de 
treinar o Capivariano no Campeonato Paulista da Segunda Divisão. 
 segundo semestre de 1995, porém, o comandante assumiu as
 categorias de base do Paulista de Jundiaí e deu indícios de que 
poderia se tornar um dos melhores treinadores do país. 
Durante a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1997, 
o técnico superou o Santos na semifinal, e o até então temido 
Corinthians, na grande decisão.
O título da Copinha cravou o nome de Giba no cenário futebolístico
 e deu a oportunidade do comandante 
viver um dos momentos mais emocionantes da carreira. 
A boa apresentação do Paulista na 
semifinal frente o Santos, chamou a atenção do time da baixada 
santista, que o convidou para treinar as categorias de base do clube. 
Na época, o maior jogador de todos os tempos, Pelé, era o
 coordenador dos juniores e ambos passaram a trabalhar juntos.
“Foi uma das maiores emoções da minha vida. A primeira vez que o vi,
 achei que ele nem sabia meu nome, mas ele me cumprimentou 
com um forte abraço. Minha perna começou a tremer, pois nunca
 na minha vida achei que fosse trabalhar ao lado do Rei.
 Tudo o que falam dele é verdade. Ele realmente sabe usar a coroa”, 
emocionou-se.
Giba também treinou diversas equipes do futebol brasileiro,
 Gama (DF), Guarani, Portuguesa, Santa Cruz (PE), Remo (PE), 
Sport (PE), Fortaleza (CE), São Caetano e Paulista, onde 
conquistou o Campeonato Paulista da Série A2, e o 
Campeonato Brasileiro da Série C, em 2001. Outra agremiação 
que o técnico foi campeão foi no CSA (AL), onde levantou o
 troféu de campeão alagoano de 1998.
FPF: Você chegou ao Guarani muito novo. 
Como foi fazer parte de um time tão vitorioso?

Giba: O clube vivia uma época muito boa. 
Encantamos o futebol brasileiro com atuações de encher os olhos,
 principalmente em 1986. Infelizmente o futebol prega peças e
 tivemos de nos contentar com o vice-campeonato brasileiro. 
 um time do interior conseguirá juntar estrelas como Evair, Neto, 
Boiadeiro e Ricardo Rocha. Foi uma fase inesquecível na minha carreira.

FPF: Após os dois vice-campeonatos pelo Guarani 
você finalmente conseguiu ser campeão brasileiro 
pelo Corinthians. A pressão era muito grande na época?

Giba: A torcida do Corinthians sempre foi muito apaixonada, 
mas sempre cobrou muito também. Ninguém entendia que um
 clube como o Corinthians nunca havia sido Campeão Brasileiro.
 Tivemos que lutar e contra todos e pudemos
 comemorar no fim daquilo tudo.

FPF: Como era a relação entre torcida e equipe nessa época?

Giba: Era de total apoio pelo título inédito. Na semifinal do 
Campeonato Brasileiro contra o Bahia, no Pacaembu,
 tinha cerca de 40 mil pessoas dentro e 40 mil pessoas
 fora do estádio. Nas redondezas do campo, perto do 
das Clínicas, na Consolação, começou a chover e o ônibus não 
 descer a rua. Foi então que o presidente Vicente Matheus 
desceu do ônibus e juntamente com a torcida e os seguranças, 
fizeram um cordão de isolamento para que os atletas 
pudessem ir a pé ao estádio. Todos os jogadores foram
 andando no meio da torcida ouvindo as saudações e o 
hino do time. Esse episódio estimulou muito os atletas e 
vencemos por 2 a 1. Estávamos parecendo um leão com fome.

FPF: Apesar de encerrar a carreira de atleta muito cedo, 
você atingiu rapidamente bons resultados como técnico. 
Qual foi o segredo?

Giba: Muito trabalho. Quando tive a oportunidade de 
comandar o Paulista de Jundiaí na Copa São Paulo sabia 
que era uma chance única. Vencemos o Santos e o 
Corinthians e pudemos levantar o troféu inédito na época. 
título abriu as portas para eu crescer como treinador de futebol.

FPF: O quão foi importante o trabalho com o ‘Rei Pelé’
 para a sua formação como treinador?

Giba: Não há como descrever a figura que o Pelé representa 
no futebol. A partir do momento que ele foi completamente 
humilde comigo, percebi que essa é uma das maiores 
qualidades para vencer neste esporte. O Pelé é o maior 
de todos os tempos e nem por isso ele destrata alguém. 
A parceria que fiz com ele nas categorias de base do Santos
 me fez crescer muito.

FPF: Qual é sua principal característica no trabalho 
do dia a dia?

Giba: Muito comprometimento e seriedade. 
Eu considero minha carreira como técnico muito bem 
sucedida. Apesar disso, sei que não cheguei ao meu 
ápice e trabalho forte para isso. A insistência nas suas
 convicções e o trabalho são os principais fundamentos 
do meu trabalho.


FONTE: FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL

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