quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

MANIFESTO PELA MORALIDADE NO FUTEBOL

Prof.Ms.Edison Santos e Dr. Orlando Rollo


 por Orlando Rollo*

Venho através deste manifesto informar que a partir desta data não sou mais dirigente da Federação Paulista de Futebol.

A Federação Paulista hoje é conduzida de forma vergonhosa e não tem mais propósito algum em existir, pois é uma entidade que serve apenas para se aproveitar de seus filiados, no caso os clubes de futebol, que sustentam o esporte com as suas respectivas torcidas. A Federação Paulista, como as demais, não tem torcedores próprios e por isso não tem como se sustentar, e é por isso que não são mais disputados os jogos entre seleções estaduais, justamente pelo fato de não serem rentáveis financeiramente, pois não despertam o interesse do torcedor. As federações hoje fugiram ao seu propósito de agregar os clubes e gerir campeonatos, relegando-se a empresas que se utilizam de seus filiados e torcedores, que são os consumidores do “produto” futebol. 

Eventuais lucros de campeonatos ou contratos com emissoras de TV que envolvam os clubes deviam ser repassados na íntegra diretamente aos clubes em questão e não mantidos nas federações. Não tem lógica! Não tem propósito!

Assumi há pouco tempo, aproximadamente um ano, um dos cargos de Vice-Presidente da Federação Paulista de Futebol. Neste período tive a oportunidade de conhecer a alta cúpula do futebol brasileiro e pude comprovar que o referido esporte está infectado por inúmeros oportunistas que conduzem os destinos do futebol nacional atuando como dirigentes de federações e clubes, além de membros de tribunais desportivos.

Dirigentes de clubes que não passam de vaquinhas de presépio, fazendo a vontade de presidentes de federações em detrimento aos interesses de seus clubes, além de membros manipulados de tribunais, que proferem decisões políticas ao invés de deliberações com fundamentação jurídica. Dois pesos, duas medidas, quase sempre! Dependendo do clube ou atleta que será julgado, já sabemos antecipadamente qual será a decisão dos tribunais, que quase sempre priorizam interesses escusos, estranhos ao futebol e a eventuais entendimentos jurídicos.

Minha saída da diretoria da F.P.F. foi motivada pelo grotesco agendamento de dois jogos do Santos F.C. em torneios organizados pela própria entidade para o mesmo dia e o mesmo horário, no casos os jogos Audax X Santos F.C. pela 2ª rodada do Campeonato Paulista, e Santos F.C. X Atlético MG pela semi-final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em claro desrespeito ao clube e a seus torcedores. Os dirigentes do Santos F.C., mais uma vez foram coniventes com o desmando em tela, submissão essa que já extrapola os limites da razoabilidade. É a mesma conduta que se repete inúmeras vezes durante a gestão passageira do presidente biônico o Sr. Odílio Rodrigues e sua equipe de gestão que ensejou em uma desastrada negociação que evidenciou um dos maiores desvios de dinheiro da história do futebol mundial, no caso a obscura venda do atleta Neymar Jr por valores nebulosos, conforme notícia amplamente divulgada pela imprensa nacional e internacional nos últimos dias.

São esses dirigentes, no mínimo despreparados, que conduzem negociações esdrúxulas como a exemplificada que temos que defenestrar da direção do futebol, para o bem do esporte.

Temos que afastar os presidentes de federações que não dão transparência aos seus atos, conduzindo assembleias e reuniões fantasmagóricas, em que os presentes agem como marionetes atendendo aos desejos de seus ventríloquos, como no caso da Federação Paulista de Futebol e suas assembleias de cartas marcadas.

A Federação Paulista de Futebol age como a grande madrasta dos clubes paulistas, relegando alguns benefícios há poucos clubes já milionários, e explorando os pobres clubes do interior, aproveitando-se das situações calamitosas em que vivem, para enriquecer cada vez mais as custas de altas taxas cobradas de seus filiados, que cada vez mais vivem a míngua, literalmente de chapéu na mão.

Essa pratica, faz com que se crie um círculo vicioso, em que os clubes pobres fiquem dependentes financeiramente das federações para que se mantenham durante o ano, sendo que essa servidão cria de maneira proposital alguns feudos federativos, em que o Sr. Feudal (Presidente da Federação) nunca perderá o apoio político de seus vassalos (Presidentes de Clubes), fazendo com que os mesmos sejam eternizados no poder, sendo na ampla maioria das vezes eleitos quase que por unanimidade em suas eleições quiméricas, em troca de alguns repasses miseráveis, quase que por filantropia.

Chega de viradas de mesas! Queremos o futebol jogado no campo! Quero ver o Presidente da F.P.F., Sr. Marco Polo Del Nero vir a público e defender sua filiada, a Portuguesa de Desportos, no caso em que foi injustamente rebaixada fora de campo, por um tribunal que nos fez lembrar os tristes tempos da nefasta ditadura que assolou nosso país. Vivemos hoje a ditadura dos cartolas, em que poucos “amigos do rei”, o Presidente em questão, dão as cartas, fazem as regras e decidem os julgamentos. O referido mandatário precisa da influência política exercida pelos dirigentes do Fluminense para ser eleito presidente da C.B.F. ainda esse ano, com o apoio dos cariocas, e é por isso que não apoiará seu filiado em seu pleito legítimo. É de se lamentar!

É ano de Copa do Mundo realizada no Brasil, e o que era pra ser uma festa esplendorosa, vai se tornar a maior roubalheira institucionalizada da história do nosso país, tendo a participação de muitos políticos e dirigentes de futebol, os oportunistas de plantão, enquanto o povo veste a camisa amarela e aplaude consumindo os produtos dos ricos patrocinadores do evento mundial.

Não posso compactuar com eventuais prejuízos sofridos pelo Santos F.C. e demais clubes em face de uma federação autoritária, que aplica a lei do chicote em seus filiados. Não tolerarei ver o Santos F.C. ser prejudicado por oportunistas que visam somente o lucro em detrimento ao futebol, sem nada poder fazer. Precisamos implantar melhores condições para o futebol brasileiro dentro e fora de campo, promovendo uma grande auditoria nas contas das federações estaduais e na C.B.F. com o intuito de estimular a transparência na administração do futebol, o que consequentemente traduzirá em melhores resultados nos gramados.

São Paulo, 21 de janeiro de 2014.

Orlando Rollo
*Vice-Presidente da Federação Paulista de Futebol na Região da Baixada Santista (2013/2014);
Conselheiro Eleito do Santos F.C. por 06 mandatos (biênios 1999/2001, 2001/2003, 2003/2005, 2005/2007, 2009/2011 e no triênio 2011/2014), sendo Vice-Presidente do Conselho Deliberativo no biênio 2009/2011.


fonte:www.facebook.com/orlando.rollo/posts/502667263184360

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