segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tigre aposta em ‘nômade da bola’

Camisa 10 que já rodou o mundo e domina cinco idiomas fala sobre futebol, cultura e episódio hilário no Kuwait


por: Bruno Jackson
Repórter

IPATINGA – Quando se profissionalizou no Cruzeiro em 1997, o meio-campista Marco Túlio, hoje com 31 anos, não imaginava que sua carreira seria tão cosmopolita. O jogador, que atuou em dez países diferentes, incluindo o Brasil, se tornou uma das principais contratações do Ipatinga para a disputa do Campeonato Mineiro do Módulo II.

Marco Túlio é um legítimo poliglota. Fala cinco idiomas: inglês, português, espanhol, japonês e grego. Além de jogar por vários clubes do interior brasileiro, o camisa 10 atuou no futebol do Japão, Bolívia, Hungria, Kuwait, Grécia, Bulgária, Azerbaijão, Malásia e Ilha de Malta. 

Para o atleta, as vantagens de ser um poliglota são muitas. “Para o jogador facilita muito falar vários idiomas. Ele pode se virar em vários lugares. Dominar cinco idiomas é um dos legados da minha carreira como jogador”, comenta Marco Túlio.

O jogador diz que sempre aproveitou o que pode de cada cultura e não mudaria em nada sua turnê pelo mundo. “Eu me considero um nômade da bola. Não me arrependo de nada. Eram os planos que Deus tinha para mim. Procurei aproveitar e extrair o máximo de cada local por onde passei. Foi muito bom, apreciei culturas diferentes”, afirma.

Na visão de Marco Túlio, a valorização do jogador profissional é maior no exterior do que no Brasil. “Eu mesmo fui mais valorizado lá fora”.



“Mico” no Kuwait 

Um dos episódios mais engraçados e marcantes vivenciados por Marco Túlio em suas andanças pelo mundo ocorreu no Kuwait, quando ele jogava pelo Kazma. “Eu estava tomando banho no vestiário do clube, pelado, como é comum no Brasil e alguns outros países. Aí os jogadores kuwaitianos começaram a jogar toalha em mim. Alguns tapavam os olhos, gritavam. E como meu inglês naquela época ainda era meia boca, não entendi nada. Foi quando o intérprete chegou e disse que eu tinha que tomar banho de cueca”, lembra o jogador, aos risos.



Cultura exemplar 

Das culturas que conheceu, a japonesa foi a que mais chamou a atenção de Marco Túlio em vários aspectos. “Os japoneses primam muito pela disciplina e pontualidade. Além disso, o que eles prometem eles cumprem. No Japão há muito respeito pelas pessoas”.



Peso de ser “o cara”

Embora tenha sido contratado para fazer a diferença no setor de criação do Ipatinga, Marco Túlio rechaça o status de estrela e não se vê como o cérebro da equipe.
“Não me considero assim, o cérebro do time. O grupo é feito de muitos jogadores. O time não se resume em um. O que o Reinaldo (Lima, treinador) passar para mim vou acatar. O resultado que vamos obter aqui será em função do conjunto. Essa será a mentalidade do Ipatinga para 2014”, pontua.



Cura do pai na Malásia
elevou gosto pelo país 



Um dos momentos mais delicados da vida pessoal de Marco Túlio ocorreu na Malásia, em 2012, quando ele defendia o T-Team FC. “Minha família foi morar comigo. Meu pai estava com câncer e foi submetido a tratamento na Malásia. Graças a Deus ele foi curado. A medicina de lá deu todo o suporte a ele”, conta.

A cura do pai e as peculiaridades da Malásia fizeram Marco Túlio ter um apreço especial pelo país. “Gostei muito de morar na Malásia, com meus pais. O povo de lá foi ótimo comigo. É um país muçulmano com suas particularidades. O muçulmano é muito extremista. Ou ele te ama demais, ou ele te odeia”, observa.



A longa trajetória 
de um itabirano 



Marco Túlio é mineiro, natural de Itabira. O meio-campista foi revelado pela base do Cruzeiro, onde ficou de 1996 a 1997. Embora tenha se profissionalizado na Toca da Raposa, sua primeira oportunidade de atuar como profissional foi na Portuguesa de Desportos. Depois teve sua primeira experiência no Japão, onde ficou dois anos, defendendo as cores do Albirex Niigata.

Retornou ao Brasil para jogar no antigo Etti Jundiaí (hoje Paulista de Jundiaí). Em seguida voltou à Portuguesa de Desportos e na sequência atuou pelo Atlético de Sorocaba e Bragantino. 
Após a “trinca” no interior paulista, voltou ao exterior para jogar pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia. Na sequência, jogou pelo Debreceni (Hungria), Kazma (Kuwait), Paok (Grécia) e Ethnikos (Grécia). 

Após a passagem pelo futebol grego, Marco Túlio retornou ao Brasil para assinar contrato com o Atlético. O Galo acabou emprestando o jogador ao Lokomotiv da Bulgária. Depois, o jogador itabirano retornou ao Brasil para uma rápida passagem pelo Uberlândia, mas logo voltou ao exterior para defender o Turan Tovuz, do Azerbaijão, onde não ficou muito tempo. 

Seus dois últimos clubes foram o T-Team FC, da Malásia, e o Tarxien Rainbows, de Malta, respectivamente. Antes de assinar contrato com o Ipatinga, Marco Túlio teve uma passagem rápida pelo Noroeste de Bauru, no fim de 2013.


fonte: http://www.jvaonline.com.br/ler_noticia.php?id=107811

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